No prelo
Esta é uma peça contra as virtudes badaladas do progresso sem fim em que andamos metidos narrativamente, pelo menos desde o início do consumo em massa, da sociedade do espectáculo e do consumo de massas. Opta por estar na contracorrente. Sobe o rio a caminho da nascente. É o incómodo total, nenhuma corrente a favor.
Para isso, é uma experiência radical na forma, mesmo sem um corte absoluto com a tradição, antes a cavalo nela. Um texto que aposta num devir cénico sem receita e que revisita formas monologadas reconhecíveis — a primeira cena — e outras, a terceira e a entrevista de emprego, logo a seguir, que são “teatros” que não fogem à convenção, antes as usando. Mas os discursos ganham outras formas e a presença do autor está por toda a parte. A ideia de uma “personagem” autónoma reivindicando uma existência própria não existe — algumas naufragam e de repente são visitadas pelo autor tão aflito quanto elas. Os discursos remetem, mais directa ou menos directamente, para um sujeito de enunciação autoral que, e essa talvez seja a novidade, se apresenta também num estado caótico, expondo a sua fragilidade e nenhumas certezas. Não há teses neste teatro, há indagações em devir, reflect/acção, um caminhar possível para a introspecção que se faz análise, um bruto dos dados a associar para ensaiar como as palavras se ordenam enquanto compreensão através do jogo e da fala, actos físicos íntegros, complementares e integrados. O autor também se despe, nada vela, nem as memórias familiares íntimas. Quando Lisa fala dos pais, vemos Richter a falar dos seus, dessa incomunicabilidade que nunca permitiu o encontro e que quando se tornou evidente já era tardia.
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«(…) todos os livros publicados por determinada editora podem ser vistos como anéis de uma mesma corrente, ou segmentos de uma linha de livros, ou fragmentos de um livro único formado por todos os livros publicados por essa editora.»
Roberto Calasso, “A edição como género literário”, de O CUNHO DO EDITOR.
- JANEIRO
# Cláudia Lucas Chéu: UM QUARTO COM VISTA SOBRE O MEU QUARTO
# Cláudia Lucas Chéu: A CABEÇA MUDA [edição da Câmara Municipal do Funchal/Teatro Municipal Baltazar Dias em parceria com a Companhia das Ilhas]
# João Barrento: OS INFINITOS MODOS DA PALAVRA. Caminhos e metamorfoses da poesia portuguesa contemporânea
# José António Gonçalves: À LUZ DOS OLHOS DAS BORBOLETAS [edição da Câmara Municipal do Funchal em parceria com a Companhia das Ilhas]
- FEVEREIRO
# Cláudia Lucas Chéu: BEBER PELA GARRAFA (3.ª edição)
# Luísa Freire: MONÓLOGO PARA UMA JANELA NO ESCURO – Poema dramático
# Maria Aurora Carvalho Homem: MALMSEY: UM DOCE PERFUME [edição da Câmara Municipal do Funchal em parceria com a Companhia das Ilhas]
# Yvette K. Centeno: AINDA (poemas 2023)
- MARÇO
# Falk Richter: ÀS DUAS HORAS DA MANHÃ
# Joaquim Costa: POESIA DA VIDA E DA MORTE
# Joaquim M. Palma: VOX HUMANA
# Luís Chacho: ALTO DOS BONECOS
# Luísa Freire: FOLHAS BREVES (haikus)
- ABRIL
# Visões Úteis/Carlos Costa/Ana/Mafalda: UNRAVELING
# Visões Úteis/Carlos Costa/Jorge Palinhos: CIDADES DE BRONZE
- MAIO
# Henrique Manuel Bento Fialho: DOMESTICADORA DE GIRASSÓIS
# Virgílio Martinho: O CONCERTO DAS BUZINAS
# Virgílio Martinho: O MENINO NOVO
- MESES SEGUINTES
# António Vieira: O ORÁCULO
# Frederico Pedreira: APRESENTAÇÃO DO OUTRO
# Jorge Aguiar Oliveira: REZA CANIBAL
# José Sebag: VOLUME ANTOLÓGICO (título a definir)
# Luísa Freire (organização e versão portuguesa): O JAPÃO NO FEMININO – I: TANKA (Poesia dos séculos IX a XI)
# Luísa Freire (organização e versão portuguesa): O JAPÃO NO FEMININO – II: HAIKU (Poesia dos séculos XVII a XX)
# Martin Crimp: NA REPÚBLICA DA FELICIDADE
# Paulo Rodrigues Ferreira: ONDE NÃO SOU É QUE COMEÇO
# Urbano Bettencourt: SANTO AMARO SOBRE O MAR
# Visões Úteis/Carlos Costa: 2021 – VERSÃO BETA
# Vitorino Nemésio: ISABEL DE ARAGÃO, RAINHA SANTA
# Vitorino Nemésio: MAU TEMPO NO CANAL
# Vitorino Nemésio: POESIA III
# Vitorino Nemésio: CORSÁRIO DAS ILHAS / O RETRATO DO SEMADOR
# Yvette K. Centeno: PARA ACABAR (I e II)
(…) Ressalta destas páginas o desagrado perante a mudança acelerada que varreu o Portugal do pós-guerra. Num misto de saudosismo e confiança, o cronista retrata figuras exemplares no combate à destruição «das colheitas» recentes e, neste gesto de desenhar os outros, retrata-se a si próprio como integrando a hoste de semeadores de grãos limpos. A exemplo dos vultos que inspiram a sua escrita em cada um dos volumes — Luís da Silva Ribeiro, «alma e consciência da nossa ilha e dos Açores»; Francisco da Rocha de Sousa, «Vigário de Santa Cruz da Vila da Praia da Vitória» —, também ele se esforçará por não deixar morrer Deus e a «alma» dos Açores; salvá-los-á — percebe-se — pela palavra.
A heterogeneidade de estilos identificada no Corsário é vislumbrada no Semeador. À semelhança dos corsos, onde foi injetada uma dose de criatividade literária através do alter-ego de Mateus Queimado, também os retratos incluem passagens sobre a poesia, porque «religião e poesia são sentidas, embora a graus diversos, como esferas da espiritualidade».
E é deste modo que, no seu conjunto, o Corsário das Ilhas e O Retrato do Semeador nos apresentam duas prioridades no universo intelectual de Nemésio, em meados do século xx: a cultura enquanto fator de identidade pessoal (a «alma» dos Açores reencontrada por via da viagem, no tempo e no espaço) e a religião enquanto porta para um humanismo indelevelmente cristão. Enquadrados no seu tempo, revelam um olhar que idealiza assimetrias sociais, que o autor comenta ancorado numa sólida erudição, que resiste à descaracterização identitária, que aceita a tradição rural e religiosa do país e das ilhas, e que crê no poder redentor da palavra contra os perigos éticos e estéticos vindos de outras paragens. Claramente datados, mesmo quando a data não está presente, são o testemunho de um tempo de que poucos vestígios sobreviveram, além dos nomes, das obras, dos temas e dos anseios universais. (…)
(Leonor Sampaio da Silva, da “Nota Editorial”)
Nas Livrarias: Abril de 2024
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Programação sujeita a alterações por motivos de força maior: guerras, pandemias, fascismos e outros flagelos sociais ─ ou simplesmente por estarmos cansados (e não temos de prestar contas a ninguém):
JANEIRO
# Mário T Cabral: É PRECISO QUE TE LEMBRES DOS PASSEIOS COM O TEU CÃO
# André Almeida e Sousa: INVENTÁRIO DE FRASCOS | SOMBRAS CALHAS
# José Ricardo Nunes: ALFABETO ADIADO
# Sarah Adamopoulos: AGOSTO
FEVEREIRO
# Joana Brandão: CAMINHOS / “CORAGEM HOJE, ABRAÇOS AMANHÔ
MARÇO
# m. parissy: INCÊNDIOS DE RUA
# Jean-Pierre Sarrazac: AJAX, REGRESSO(S)
ABRIL
# Carlos Costa | Jorge Palinhos | Miguel Mira: O GRANDE MUSEU DA CONSCIÊNCIA DE ELON MUSK
# Ana Vitorino, Carlos Costa, Gemma Rodríguez: TANG PING, UM WESTERN MODERNO SOBRE NÃO SER NINGUÉM
MAIO
# Raul Brandão: AS ILHAS DESCONHECIDAS
# José Viale Moutinho: À SOMBRA DAS VOZES
# João Barrento: APARAS DOS DIAS – A ESCRITA NA PONTA DO LÁPIS
JUNHO
# Virgílio Martinho: RELÓGIO DE CUCO / A CAÇA
# Jaime Rocha (coord.): POESIA, UM DIA (2012-2022)
JULHO
# Luís Serra: PINGUE-PONGUE NO TERRAÇO
# Vasco Medeiros Rosa: É PRECISO ROMPER O AMANHÃ. MADALENA FÉRIN REVISITADA
# António Vieira: ENTREVISTA
# Mário T Cabral: METEOROLOGIA. CONTOS PARA ADULTOS QUE NÃO QUISERAM SER GRANDES
# Mário T Cabral: O PORTA-ESTANDARTE
AGOSTO
# Jorge Fazenda Lourenço: FIM DE BOCA E MAIS POEMAS 1981-2023
SETEMBRO
# Nuno Dempster: SEIS HISTÓRIAS PARALELAS
# Urbano Bettencourt: ANTES QUE O MAR SE RETIRE
OUTUBRO
# António Vieira ELOGIO DA DESCRENÇA (2.ª edição)
NOVEMBRO / DEZEMBRO
# Anne Carson: ANTIGOTRIZ
# Carlos J. Pessoa: TEATRO (IN)COMPLETO. VOLUME III
# Mário T Cabral: A CEIA GRANDE
# Mário T Cabral: EUDEMIM
# José Manuel Teixeira da Silva: PENAS PESADAS DA NEVE
Notícias
FEIRA DO LIVRO DE POESIA
https://companhiadasilhas.pt/books/monologo-para-uma-janela-no-escuro-poema-dramatico/
PRÉMIO DE ENSAIO PARA ANTÓNIO VIEIRA
António Vieira venceu (ex-aequo com Fernando J.B. Martinho) o Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho 2023,…
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JOÃO BARRENTO: PRÉMIO CAMÕES 2023
JOÃO BARRENTO VENCE O PRÉMIO CAMÕES 2023João Barrento, ensaísta e tradutor, João Barrento publicou diversos livros de…
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